Imagem: https://www.philaculture.org/groundswell/volunteer-help-make-mccall-elementary-ready-students-school-year
Para quem está acompanhando as notícias sobre o estado de São Paulo, muitas notícias podem parecer turbulentas e de fato são. Nós, ligadxs à educação, sempre ficamos atentxs às movimentações não usuais que acontecem nas escolas. Estamos sempre preocupadxs com o bem estar das crianças, se o conteúdo nos agrada ou se algo vai contra nossas expectativas do que deveria ser uma educação ideal. Por isso destaco a importância deste momento em São Paulo. Ele não é uma agitação momentânea e nem fechada. Mudanças, mesmo que pequenas, reverberam por muitos lugares e por muito tempo.
O que vemos agora é de extrema importância pra quem está ligadx no crescimento da criançada. É verdade que estamos sempre preocupadxs com a segurança de nossas crias. Em como prepará-lxs para o "terrível mundo lá fora". E é tanta preocupação que acabamos esquecendo do mundo aqui dentro. Aquele que não pertence a ninguém senão às crianças, o mundo delas. Falo aqui em crianças, mas o universo educacional vai muito além da primeira infância. Nos primeiros 07 anos, as crianças aprendem tudo o que existe de mais importante para sua sobrevivência e esse aprendizado começa refletir muito cedo, logo na adolescência. É neste momento que começamos a nos reconhecer, questionar e exteriorizar essa mudança. Deixamos de ser nossxs pais e passamos a exigir um reconhecimento do mundo. Ora, já somos seres de personalidade, pensantes, atuantes! Podemos não saber exatamente o que queremos e como expressar isso, mas dizemos muita coisa ao mundo e precisamos ser ouvidos.
Quem já passou dessa fase lembra como era difícil ser respeitado. Nosso querer entra em conflito com o da nossa família, o corpo muda, ninguém nos entende. E então descobrimos os grupos e que alívio! Alguém que pensa e sente como eu! Alguém que entende o que estou falando, fala a mesma língua e ainda me apoia. O que mais eu posso querer? Na adolescência, tudo o que queremos é sermos ouvidxs e respeitadxs. Queremos que nossa opinião seja levada em conta e que entendam que não estamos tentando chamar a atenção pura e simplesmente. Temos muito a dizer! Nós sabemos o que somos! Não somos rebeldes, somos seres viventes que amam e sofrem como todo mundo.
Agora imaginem pegar toda essa potência transformadora da juventude e direcioná-la para alguma causa social. Consegue se imaginar na adolescência tentando mudar o mundo! Puxa! Que sensação maravilhosa deve ser essa... E olhem! Está acontecendo. Crianças e adolescentes estão tomando a dianteira de suas próprias vidas e dizendo "não vamos mais aceitar isso!". E então muitos se perguntam "isso o quê? Que tanto esses jovens querem mudar?". Pois eu lhes digo, elxs querem controlar seus futuros. E quem não quer? Elxs querem uma educação de qualidade! Querem respeito, dignidade, tranquilidade. Todxs querem a possibilidade de serem alguém no futuro. Mas o mais importante, já estão assumindo que são alguém agora. Alguém que luta com propriedade pela mudança no mundo. Alguém que entende que sua luta é capaz de reverberar mudanças positivas e essenciais em toda a comunidade.
Aquelx que toma consciência do bem que pode fazer e coloca isso em prática é capaz de mudar o mundo. E é isso que felizmente estamos vendo acontecer em São Paulo.